segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Golfinhos no rio Mansoa

A Guiné-Bissau desenvolve-se, em mais de 80% da sua extensão, em termos orográficos, a cotas baixas entre 0-100 m. Por esse motivo os rios são largos, invadindo grande extensão das margens, com facilidade. Pelo mesmo motivo, a influência das marés faz-se sentir até várias dezenas de quilómetros para montante. As águas são salobras, salgadas mesmo quando a maré sobe. Com a corrente de subida da maré, é comum verem-se medusas em grande quantidade, provavelmente oriundas da costa marítima.
E, por vezes, a surpresa é maior, e podem ver-se os simpáticos golfinhos a brincarem num rio, no caso o Mansoa, a varias dezenas de quilómetros do mar. Uma surpresa sempre agradável, que aqui fica registada.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Apenas o céu...



Nada mais, apenas o céu. Que motivos procuramos, por vezes, para escrever, dizer ou pensar em coisas interessantes? Procuramos o que é novo, o que é de fora, o que é excitante. Procuramos a novidade, procuramos o que nos faz sentir maiores, sendo mais pequenos.


A busca da enriquecimento pessoal a isso nos impele. A mesma busca lançou os portugueses nas aventuras dos mares, a inventar mais pátria. A coragem faz-se do medo. E medo é coragem quando enfrentado. E o homem anseia mundo, anseia novidade, anseia crescer.


Não demos novos mundos aos mundos, eles estavam lá e apenas os colhemos, na ânsia de provar, de dizer "estou aqui".


Hoje trago-vos neste post uma coisa simples, um momento. Um momento que não se repete, um momento que a ninguém pertence. Apenas um momento, nem mais atrás, nem mais à frente. Apenas um momento.

O momento em que paramos, cristalizamos o tempo, e somos mundo e somos côr, e somos vida.

O momento que julgamos captar quando ouvimos o click da máquina; cruel ilusão, o momento capturou-nos...

"...E nós Carolina!..."

Confesso que não li o livro e posso afirmar, quase com toda a certeza, que nunca o irei ler.
Talvez por não dar valor algum a este tipo de personagens, que aparecem no meio do lodo e florescem á custa das "humidades" que esse lodo lhes proporciona. E logo desaparecem sempre que pantano seca.
Mas, como nós por cá ainda vamos escutando alguma coisa de Portugal, e esse é, infelizmente um tema da actualidade, eu resolvi solidarizar-me com outras tantas como ela, que raramente são noticia ou escrevem livros. Apenas faladas e lembradas, de longe a longe, no reino dos "beefs", por estarem "loucas".
Por isso, hoje, vou reservar um espaço a "elas", às vacas de Africa, que também têm o direito de dizer ....
..." E NÓS CAROLINA!..."

domingo, 18 de novembro de 2007

Ponte S. Vicente - Sinalização Índice A

Qualquer projecto, por mais analisado e controlado que seja, tem normalmente alguns erros e ou omissões, que só são detectados durante a fase de execução. Esses erros ou omissões detectados são assinalados e comunicados ao projectista para que seja feita uma correção ao desenho, atribuindo-se um novo índice. Este processo, por vezes, é um pouco demorado porque existem varias trocas de correspondencia entre as partes envolvidas no projecto.

Mas na Guiné-Bissau, ao contrário do todos pensavamos, este processo necessita apenas de umas horas.
Quando começamos com a construção do estaleiro de apoio á ponte de S. Vicente, tivemos alguns problemas, relacionados com a demora da chegada de materiais vindos de Portugal. Alguns desses materiais eram sinais de transito para sinalizar as obras em curso.
Mas havia que colocar "mãos á obra" e com ou sem sinais de transito os trabalhos não podiam parar e com um "projecto de recurso" tudo se foi resolvendo.
Na entrada norte do estaleiro o "projectista/guarda" (ver foto) que desenhou a "sinalização provisoria", no seu desenho de emissão - Índice 0, ao colocar a inscrição " I S.T.P " gerou alguma confusão nos trabalhadores que ali passavam. Uns diziam em crioulo
..." i Só Trabalhadores do Ponte"
..." i Só Trabalha Pouco"
..." i S'eu Tambem Pidi"
..." i Só Trabalhador Preto"
..." i Só Transito Pesado"
entre outras coisas mais.

Mas o nosso "projectista/guarda", ao ver a confusão, rapidamente faz uma correção ao seu projecto e no desenho - Índice A mudou a inscrição para " I S.ToP ", o que fez sossegar as pessoas.


O estaleiro esse está montado...




sábado, 17 de novembro de 2007

A água, ainda e sempre, um bem essencial…


A Soares da Costa, responsável pela construção da Ponte de São Vicente, sobre o Rio Cacheu, na Guiné-bissau, fornece, diariamente, à população que vive em volta do seu estaleiro, cerca de 15.000 litros de água. Trata-se de um bem essencial, e que na área, não é abundante, pelo menos nas necessárias condições de potabilidade.
A foto ilustra o primeiro dia, em que ainda não estava montado sistema de tubagem e abastecimento, mas em que a pequenada guineense, aproveitou o improviso de um tubo solto para se refrescar num quente dia de sol.

Um porco a andar de bicicleta


Costuma dizer-se que acreditamos em tudo depois de vermos um porco a andar de bicicleta.
Na Guiné-Bissau podemos mesmo acreditar em tudo e que, em cada dia, haverá sempre uma novidade mais surpreendente do que as dos dias precedentes. A foto ilustra um porco a andar de bicicleta. Será que, por o dito suíno ir no lugar do pendura, a situação não conta para a nossa credulidade total?
Pode não contar, mas podemos sempre dizer alto e bom som que “vimos um porco a andar de bicicleta”, mesmo que o pobre suíno não pedale, nem toque a campainha…

Vamos à Foz do Douro


Pois é! Surpreendente, mas verdadeiro. A foto seguinte foi mesmo tirada em Bissau. Não soubéssemos exactamente onde estamos, e poder-se-ia dizer que vamos apanhar o autocarro para a Foz do Douro, em busca da frescura de um fino e de uns tremoços, numa esplanada à beira mar.
Não é o caso. Tratam-se de duas unidades vindas de Portugal, que ostentam ainda a pintura original dos STCP (Serviços de Transportes Colectivos do Porto) e que fazem viagens para várias localidades, das quais se destaca a carreira Bula-Bissau.
A razão para a manutenção da pintura original prende-se, provavelmente, com a falta de tinta, ou os meios para a adquirir. Ou será que a sigla STCP foi entendida, como era voz corrente no Porto (Portugal), como STCP – Somos Transportados Como Porcos
?

Talho de Safim


A foto acima ilustra o talho de Safim, onde nos abastecemos da carne para o nosso consumo diário. Tendo em conta o clima tropical da Guiné-Bissau, note-se que o talho está equipado com os mais modernos sistemas de ventilação. A carne é conservada nas condições mais próximas da natureza, estando, portanto, assegurado o seu bioconsumo, o mais perto possível da origem. Na limpeza do talho não se usam produtos do tipo detergente que poderiam alterar o sabor da carne.
Para nós, apenas o melhor…

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

CemFranco


Figuras típicas, todos os países, regiões, cidades e vilas deste mundo as têm. Se tivesse que votar numa figura típica da cidade de Bissau, uma boa parte dos meus votos iria certamente para o CemFranco.
O CemFranco é um miúdo franzino, não deve passar os 10-12 anos, que aparece em quase toda a cidade (não sei se tem o dom da omnipresença, mas suspeito que sim), vendendo bananas que transporta à cabeça, e o pregão imutável "cem franco, cem franco". Cem francos CFA e tornamo-nos os felizes e nutridos possuidores de 4 bananas. O CemFranco, pouco mais acrescenta ao pregão, apenas se lhe pode ouvir, numa ocasião ou outra dizer "banana muito boa".
Tem a sua personalidade, a sua pinta, o danado do miúdo! Será que não cresce, e ao longo de gerações é sempre o mesmo CemFranco que nos tenta vender bananas em Bissau? Não sei, mas se o Peter Pan for verdadeiro, voto para que o CemFranco o seja também, sempre menino, sempre inocente, e com freguesia para as bananas que vende.
Um dia destes, conto-lhe que está na Internet, e que quem quiser, no mundo inteiro, o pode ver e sorrir com a sua figura franzina de menino que apregoa: cem franco, cem franco...

A bicicleta camião


Na Guiné-Bissau, os transportes escasseiam. No entanto, a imaginação e engenho são férteis. Há que converter os poucos transportes existentes, em megatransportes que podem, numa só viagem, transportar a carga normal de duas ou três viagens. É habitual ver os camiões que chegam, vindos do Senegal, à Guiné-Bissau, ou em trânsito para a Guiné Conacri, carregados até limites inimagináveis. Menos raramente do que seria desejável, um camião tomba na estrada, vitima de uma curva suave, e de uma carga demasiado pesada.
Mas o esforço e imaginação de utilizar o mais eficientemente possível os transportes, não se fica pelos pesados. Até uma simples bicicleta, como se pode ver na imagem acima, desafia a gravidade e o bom senso para transportar mais carga em menos tempo. Aparentemente, o céu é o limite...