segunda-feira, 27 de junho de 2011

Pontes para o futuro....













Sem excepção, quando questionados sobre a nossa presença na Guiné-Bissau entre os anos de 2007 e 2009, todos referimos que estivemos a construir uma ponte.
Esta resposta, assume contornos simbólicos, pois se é verdade que fisicamente construímos uma estrutura de betão e aço que une as duas margens do rio Cacheu, entre as localidades de S. Vicente e Ingoré, construímos também, colectivamente e individualmente, muitas pontes mais. Pontes de entendimento, pontes de afectos, pontes de vida.
Fisicamente construímos uma grande obra, mas afectivamente construímos muitas pequenas obras.
A Soares da Costa na sua acção meritória e numa perspectiva que sempre persegue, a sua Sustentabilidade, contribuiu para o bem estar das populações de S. Vicente e localidades limítrofes, fornecendo sem custos alguns bens essenciais, dos quais se destaca o fornecimento de água, bem escasso na sua forma potável. A construção e manutenção, com pessoal especializado, de uma enfermaria/dispensário foi também um importante contributo para o bem-estar das populações num país onde a maior parte das doenças já erradicadas na Europa ainda matam todos os dias. A contratação de pessoal local, muitas vezes sem qualquer formação ou valência especializada, contribuiu também para dinamizar a economia do país.
Mas as pontes afectivas, de respeito mútuo e amizade, essas construíram-se naturalmente e sem custos. Essas construíram-se de dentro para fora, de forma automática e simples. Essas assumiram a forma da amizade, da convivência, do entendimento e respeito mútuo. Muitos amigos deixamos todos nós por lá. Penso que conseguimos consolidar a boa imagem de Portugal numa ex-colónia. Levamos novamente, tantos séculos após os Descobrimentos, a nossa língua pátria mais longe. E reforçamos laços.
Esperemos que as pontes que construímos, físicas e afectivas sejam duradouras. Pela nossa parte perdurarão enquanto a memória existir.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Bissau - Quase três anos volvidos

Caros
No meu caso, quase três anos são volvidos desde a última vez que pisei o solo do Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira, em Bissau. Já calcorreei umas obras mais e uns locais mais: Túnel da Madalena do Mar, na Madeira e a Concessão Transmontana entre Vila Real e Quintanilha.
A "familia" Soares da Costa que esteve junta na Ponte de S. Vicente (para mim, ainda é esta a designação) está quase por completo na obra da Transmontana. Quando estamos juntos, a conversa foge, quase invariavelmente, para a Guiné-Bissau.
Não tenho dúvidas que este país, esta obra, a todos marcou positivamente. Não tenho dúvidas que em todos há, pelo menos, uma "pontinha" de saudade.
É um belo país, um bom povo. Lá, quase todos acabamos por nos sentir em casa. Será por ser África o Berço da Humanidade? Teremos gravado nos genes essa pertença ancestral de um local de nascimento? Talvez.
Sei que nenhum de nós lamenta o tempo que aí passou. Sei que todos desejamos um futuro melhor para a Guiné-Bissau e para o seu povo. Sei que todos ambicionamos um dia fazer o nosso jantar anual de confraternização em Bissau. Sei que todos reveríamos com prazer as terras e as gentes que também foram nossos durante o período que a obra durou.
Sei que esta vivência comum nos uniu.
A foto ilustra a azáfama da Avenida Amílcar Cabral num dia de movimento mediano. A estação era a das chuvas e, olhando a foto, quase sinto o calor húmido da Guiné-Bissau a envolver-me.
Bem hajam.