sábado, 18 de outubro de 2008

Mulher Africana



Chegou,
De sorriso terno e desconfiado,
Os olhos cansados, os braços parados,
A boca ausente, que nada promete,
A roupa garrida, gasta e curtida,
Pelos sois e chuvas, de toda uma vida.

Chegou,
De mão estendida, sofrida,
Esperando a ajuda prometida,
Sem palavras, os lábios sem côr,
Os olhos cansados, os braços parados,
Sofrendo, calada, sem gritos de dor.

Pediu,
Mas pediu com o orgulho de quem merece,
Como se, na nossa ajuda modesta,
Atendendo à sua muda prece,
Pudéssemos pagar todo o preço,
Que, na África das savanas,
Pagam, todos os dias, as mulheres africanas.

Partiu,
De olhos cansados,
De corpo parado,
Sem se deter,
Com um obrigado.

Assim é
a Mulher Africana,
Rainha de tudo,
Dona de nada.

2 comentários:

Fernando Sousa Machado disse...

Tenho o privilégio de ter acompanhado a construção da ponte de S. Vicente desde o seu início e já estou acostumado a encontrar bons homens e bos profissionais no staff da sua direcção. Este blog permitiu-me encontrar também bons escritores, magníficos poetas e bons fotógrafos. Bem hajam e Boas Festas para todos.
Fernando Sousa Machado (West África)

Pedro Moço disse...

Agradeço as suas palavras Fernando. Não se trata de magnificos poetas, são apenas os devaneios de quem perde algum tempo, de vez em quando, com a forma da palavra e a sua intencionalidade. Nada mais que isso. A West Africa acompanhou-nos com a sua segurança quase desde o ínicio, e também lá encontramos homens educados e, sobretudo, bem dirigidos, o que é um elogio à sua função.
Um abraço